Lançamento

Clarissa Ferreira lança segundo single do álbum de estreia

Na composição Tiranas, a cantora, compositora e instrumentista reflete sobre a demonização das mulheres ao longo da história

Foto: Carlos Queiroz - DP - Artista levará ao disco dez composições que serão apresentadas nos próximos meses

A cantora e compositora Clarissa Ferreira lança na sexta-feira (24) o segundo single do seu álbum de estreia, LaVaca. Tiranas feita pela artista, a partir de texto da escritora carioca Maria Gabriela Saldanha, nasceu para se tornar um hino feminista contemporâneo, mas também pode ser uma oração. A composição chega ao público por meio das principais plataformas de streaming de música, além do Instagram e do Youtube.

A composição leve, com uma batida que lembra a bossa nova, traz uma mensagem reflexiva que aborda a demonização das mulheres ao longo da história. A intenção da artista é provocar discussões em torno dos ideais construídos ao longo do tempo pelo patriarcado, contrapondo a ideia da existência de “mulher ideal” ao trazer para o centro do debate o arquétipo das mulheres más.

A produção é da própria Clarissa Ferreira, ao lado de Lucas Ramos (Estúdio Mochila) e Fabrício Gambogi (banda Dingo) em gravação orgânica com participação da cantora paulistana Rhaissa Bittar e da porto-alegrense Ana Matielo nos vocais. O instrumental fica por conta de Neuro Junior ao violão, Bruno Coelho nas percussões, Wagner Lagemann no contrabaixo, teclado de Fabricio Gambogi, tendo sido gravada, mixada e masterizada no Estúdio Pedra Redonda por Wagner Lagemann, em Porto Alegre.

Gauchismo líquido
Autora da obra Gauchismo líquido - Reflexões contemporâneas sobre a cultura do Rio Grande do Sul, resultado do doutorado da compositora em etnomusicologia, Clarissa tem se dedicado a pesquisar sobre o machismo na cultura gaúcha e de que forma as mulheres são representadas nas músicas regionalistas, ela aborda essa temática no livro. Um trabalho que norteou a pesquisa acadêmica e começou, a partir de 2017, a extrapolar para a musicalidade expressa em versos. “Comecei a compor imaginando que deveria criar narrativas pensando no ser mulher, composta por mulheres. Durante muito tempo todas essas narrativas vieram de uma perspectiva muito masculina, de uma invisibilização das mulheres compositoras, que hoje pesquisando a gente sabe que existiram e existe”, fala.

Clarissa projeta lançar LaVaca em dezembro, depois de apresentar ao público as dez composições da obra mês a mês. A proposta nasceu a partir de financiamento coletivo, que vigorou entre 2021 e 2022 e agora começa a mostrar seus frutos. O primeiro single do disco, Gauche, foi lançado em setembro. “Desde que eu comecei a compor já pensava nesse conceito e não falo só sobre as questões femininas, tem várias críticas ambientais. Eu gosto de pensar no agora.”

A compositora diz que ela não é a única que se voltou com um olhar mais crítico a algumas questões culturais gaúchas. “Eu e outras compositoras estamos construindo esse movimento, a gente está vivendo esse momento como um todo, de ressignificar as tradições”, diz. Em Pelotas a cantora vai fazer parceria com a também cantora e compositora Rita Mauch, que trabalha com temáticas semelhantes.

Apesar da crítica a um comportamento que ainda aparece no meio da arte regionalista gaúcha, a cantora, que é formada em violino, crava que a música que ela produz é gaúcha e bebe na fonte do regionalismo. “Eu gosto de pensar como uma música gaúcha, tem um discurso muito forte de legitimação sobre o que é música gaúcha verdadeira e o que representa a música gaúcha. Isso é também uma forma de exclusão. Eu faço uso dos ritmos, das milongas, chacareras, apesar de eu ter composições que flertam com a MPB.”

Da teoria à prática
Com a experiência de produzir o próprio disco, iniciando com a composição e passando pelos diferentes processos até que o álbum esteja lançado, a artista que também é professora do curso de Música Popular da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), das disciplinas de Prática em Conjunto e Prática de Estúdio, vê na obra uma fonte também de fomento para muito do conteúdo que desenvolve com os alunos. “Tudo é material pedagógico, todas essas coisas do meu trabalho artístico acabam sendo desdobramentos que podem ser trabalhados em aula, uma experiência que posso passar pra ele.”

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